XLIII - ANTES O VÒO DA AVE
Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que
a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e
esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por
isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para
nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a
Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e
lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
Alberto Caeiro.
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